Não há
dúvidas de que ter algum tipo de poder é o que faz as coisas e a vida
acontecerem. Não se trata apenas de poder econômico ou político. Pode ser o
simples poder de chefiar ou coordenar um grupo de pessoas, uma família ou uma
empresa. Até mesmo, o poder que dá ter uma grana que nunca se ganhou antes, ou
o prestígio de uma profissão vista como nobre.
De fato, o
poder fascina, encanta. Seduz. Dá uma sensação de onipotência ter a admiração,
o respeito e até o medo das outras pessoas. Só porque temos algum tipo de
poder. Que nos estimula a termos iniciativa, dedicação, enfrentar situações de
pressão, assumir riscos, estabelecer e atingir objetivos. Há quem diga que
conhecimento e poder são indissociáveis. Daí que não
basta apenas ter poder. É preciso sabedoria para saber usá-lo.
O bom é
poder falar de algo com experiência prática. Pude sentir os efeitos do poder
quando exerci a Presidência do Sindicato dos Comerciários de Salvador por seis
anos. Senti um poder absurdo durante muitas manifestações a ponto de não ter
medo da presença policial, sempre muito intimidadora e, em muitos momentos,
repressiva. Parece que nos transformamos em heróis e heroínas, agindo sem medo
por saber que estamos fazendo algo importante.
Senti também
o poder de conduzir um coletivo de pessoas, entre funcionários e diretores.
Constatei que, se você age com equilíbrio e sensatez, torna-se uma referência
positiva. Porém, se comete deslizes e incoerências, ninguém respeita sua liderança.
Percebo esse poder também no trabalho como jornalista no considerado o 4º poder. Como as pessoas se postam diante de alguém com um crachá de um veículo de comunicação, sempre com um olhar tipo “é o pessoal da imprensa...cuidado com meu comportamento ou com o que falarei”.
Percebo esse poder também no trabalho como jornalista no considerado o 4º poder. Como as pessoas se postam diante de alguém com um crachá de um veículo de comunicação, sempre com um olhar tipo “é o pessoal da imprensa...cuidado com meu comportamento ou com o que falarei”.
Quando as
coisas vão acontecendo como você – todo poderoso / toda poderosa – direciona, é
preciso ter cuidado, pois acabamos envolvidos por uma certa soberba. E ai mora o perigo. Perdemos um pouco a noção do que é essencial e do que é
superficial na vida. Começamos a meter os pés pelas mãos. Vivi um pouco isso,
pois reconheci, depois, que encaminhei decisões ruins, para mim e para os
coletivos onde atuei. Ainda bem que acertei mais do que errei.
É bom viver os
dois lados dos efeitos do poder. Torna-se uma experiência única, mas que só
contará para aprimorar o exercício do poder se formos generosos com ele. É. Porque é
preciso ter generosidade nessa questão. O mesmo poder que fascina e faz a vida
acontecer - do jeito que você pensa e conduz -, também embriaga. E a ressaca é
um turbilhão, do qual não se sai facilmente.
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