quarta-feira, 6 de março de 2013

O poder fascina, mas embriaga


Não há dúvidas de que ter algum tipo de poder é o que faz as coisas e a vida acontecerem. Não se trata apenas de poder econômico ou político. Pode ser o simples poder de chefiar ou coordenar um grupo de pessoas, uma família ou uma empresa. Até mesmo, o poder que dá ter uma grana que nunca se ganhou antes, ou o prestígio de uma profissão vista como nobre.

De fato, o poder fascina, encanta. Seduz. Dá uma sensação de onipotência ter a admiração, o respeito e até o medo das outras pessoas. Só porque temos algum tipo de poder. Que nos estimula a termos iniciativa, dedicação, enfrentar situações de pressão, assumir riscos, estabelecer e atingir objetivos. Há quem diga que conhecimento e poder são indissociáveis. Daí que não basta apenas ter poder. É preciso sabedoria para saber usá-lo.

O bom é poder falar de algo com experiência prática. Pude sentir os efeitos do poder quando exerci a Presidência do Sindicato dos Comerciários de Salvador por seis anos. Senti um poder absurdo durante muitas manifestações a ponto de não ter medo da presença policial, sempre muito intimidadora e, em muitos momentos, repressiva. Parece que nos transformamos em heróis e heroínas, agindo sem medo por saber que estamos fazendo algo importante.

Senti também o poder de conduzir um coletivo de pessoas, entre funcionários e diretores. Constatei que, se você age com equilíbrio e sensatez, torna-se uma referência positiva. Porém, se comete deslizes e incoerências, ninguém respeita sua liderança.

Percebo esse poder também no trabalho como jornalista no considerado o 4º poder. Como as pessoas se postam diante de alguém com um crachá de um veículo de comunicação, sempre com um olhar tipo “é o pessoal da imprensa...cuidado com meu comportamento ou com o que falarei”.

Quando as coisas vão acontecendo como você – todo poderoso / toda poderosa – direciona, é preciso ter cuidado, pois acabamos envolvidos por uma certa soberba. E ai mora o perigo. Perdemos um pouco a noção do que é essencial e do que é superficial na vida. Começamos a meter os pés pelas mãos. Vivi um pouco isso, pois reconheci, depois, que encaminhei decisões ruins, para mim e para os coletivos onde atuei. Ainda bem que acertei mais do que errei.

É bom viver os dois lados dos efeitos do poder. Torna-se uma experiência única, mas que só contará para aprimorar o exercício do poder se formos generosos com ele. É. Porque é preciso ter generosidade nessa questão. O mesmo poder que fascina e faz a vida acontecer - do jeito que você pensa e conduz -, também embriaga. E a ressaca é um turbilhão, do qual não se sai facilmente.

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