Uma matéria publicada
no dia 8 de abril pelo site Brasil 247 me chamou atenção por ter muito a ver com o meu Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) em Jornalismo na Faculdade da Cidade, onde estou
investigando o tema “Democracia e complexidade. O papel da blogosfera na
democratização da informação e da grande mídia”.
Quando o site aborda a crise na grande imprensa, expressa na redução de profissionais, cadernos e editoriais, podemos avaliar que decorre, sim, da não reinvenção do setor impresso tradicional. Mas, ousaria a dizer que há outro elemento merecedor da nossa atenção. Decorre também desse (não tão) novo fenômeno chamado internet e suas ferramentas de comunicação, como as redes sociais, especialmente os blogs.
Essas ferramentas
estão propiciando novos espaços de discussões e reflexões coletivas, e mais, de
participação politica e social das pessoas. Nesses espaços, a interatividade e
o papel de também sujeitos na produção, análise e construção da informação -
com a possibilidade do debate do contraditório – pode estar migrando a
audiência da imprensa tradicional para a chamada mídia alternativa.
NOVO FENÔMENO
Podemos constatar
esse novo fenômeno com a profusão intensa de novos blogs e sites que procuram
tratar os mesmo temas da grande imprensa, só que um diferencial importante: a
garantia da liberdade de expressão e de opinião, tirando o leitor de uma
condição de receptor passivo e apenas consumidor das informações veiculadas nos
grandes meios de comunicação.
Assim, mesmo os
grandes veículos recebendo ainda maior parte das verbas publicitárias, públicas
e privadas, é claro que está também migrando parte do financiamento desses
meios para a mídia alternativa. Seguramente porque amplia exponencialmente sua
audiência, garantindo maior visibilidade de marcas, produtos e empresas que
anunciam.
PODER E DEMOCRACIA
A questão da Lei dos Meios não deve ser abordada apenas no contexto das
dificuldades da grande mídia tradicional. A regulamentação dos meios de
comunicação tem relação direta nas sociedades atuais com a própria democracia
que todos desejam, com pluralidade de opiniões para refletir a diversidade de
pensamento dessa sociedade.
Até pelo poder que a mídia possui hoje. Ao meu ver, deixou de ser o 4º
poder para ser o primeiro, influenciando decisões dos demais poderes:
Executivo, Legislativo e Judiciário. É só lembramos alguns episódios em que o
que foi pautado e massificado pela imprensa foi determinante para tomadas de
decisões no país. O mais recente foi o episódio do mensalão, que foi focado no
PT, desconsiderando que esse problema começou em Minas Gerais com o governo
dirigido pelo PSDB.
Como falar em democracia no Brasil se esse poder poderoso é controlado
por apenas nove famílias, responsáveis por 85% da informação que circula nos
meios de comunicação de massa: rádio, TV e jornal? Como falar em democracia
quando canais de rádio e TV é uma concessão pública, mas ao se pensar em um
sistema público de comunicação (como determina a Constituição) ou regular as
atividades da mídia em geral, gera-se uma crise?
NOVO MODELO
De fato, é preciso um novo modelo para a produção e a distribuição da
informação. Em se tratando do meio impresso, o nosso velho e bom jornal se
depara com uma concorrência forte da mídia digital. Todas as atividades
tradicionais tiveram que se adaptar a esse fenômeno. Disseram que o livro de
papel desapareceria. Não desapareceu, mas percebeu-se a necessidade de se fazer
os e-books (livros eletrônicos), ou colocar clássicos também em formato digital
para atrair leitores.
Será que não seria interessante a face digital de um
grande jornal (alguns já estão fazendo isso) noticiar o cotidiano em notas
menores e indicar grandes reportagens sobre os temas mais densos nos seus
impressos, para não perder leitores e receitas? O fato é que a era digital com a internet e suas redes sociais,
especialmente os blogs, colocaram em xeque o poder historicamente hegemônico
das grandes mídias tradicionais.
NOVO TEMPO
O TCC que desenvolvo me colocou à frente como
tema central o conflito entre a democracia e a complexidade gerada pela
blogosfera. Por trás da crise da mídia tradicional há uma clara luta de ideias
na sociedade. Aliás, toda revolução tecnológica que a humanidade experimentou,
gerou questionamentos sobre os novos fenômenos e a crise que sempre atinge os
velhos (que já foram novos um dia).
Um grande poeta da modernidade já disse que "via o futuro
repetir o passado". "Que via um museu de grandes novidades". É, "o tempo não para". Cabe
a nós, futuros e atuais jornalistas, estarmos antenados com o novo tempo para
atuar sobre ele numa perspectiva de construção de uma sociedade mais
democrática, desenvolvida e justa socialmente e economicamente. Não se trata de
um dia de luto, mas da gestação de dias de lutas para os
profissionais da comunicação.
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