Postado em dezembro de 2015
Se há polêmica,
nada melhor do que um tira-teima, especialmente sobre a corrupção, tema
atual do Brasil, observando o montante de dinheiro público desviado nos
casos que envolvem os principais partidos que disputam o poder no país
no período mais recente da nossa história: PT e PSDB. Sem esquecer o
mensalão do DEM.
Pelos números
divulgados via imprensa e estabelecidos nas ações calculadas pelo
Judiciário desde a década de 1990, o PSDB/DEM ganha de goleada: R$ 109,9
bilhões, contra R$ 20,1 bilhões do PT. O valor aqui engloba o mensalão
(R$ 130 milhões, segundo a Wikipédia, e R$ 73 milhões, de acordo o
ex-ministro do STF Joaquim Barbosa) e o caso Petrobras (R$ 6,1 bilhões,
referentes à Lava Jato, mas de acordo com o procurador Deltan Dallagnol,
coordenador da operação, mas pode superar R$ 20 bilhões, por conta do
lucro ilícito que as empresas receberam com superfaturamento de
contratos).
No comparativo,
os valores em dólar foram transformados em reais, com a cotação de R$
3,80. Resgatar o tema é pertinente porque a discussão sobre corrupção
mobiliza as atenções do noticiário, embora o pedido de impeachment da
presidenta Dilma se apoie na chamada pedalada fiscal. Aliás, questionado
por juristas renomados do Brasil e até políticos tucanos, como o
senador Tasso Jereissati.
Quando a grande
imprensa esquece outros casos, observamos que a luta política define os
critérios de avaliação dos casos de corrupção no Brasil. Vemos
julgamento e punição para quem foi acusado de desviar menos dinheiro
público, enquanto quem praticou mais corrupção está livre.
Se a grande
mídia faz sua agenda setting focando no PT, é importante lembrar o
período em que o país foi dirigido pelo PSDB, com apoio do DEM.
Privatizações: prejuízo de R$ 103,751 bilhões
O país teve um
prejuízo de pelo menos R$ 103,751 bilhões com as privatizações do
patrimônio público, dado a preço de banana a grandes grupos privados,
durante o governo FHC. Segundo matéria do jornal Folha de S. Paulo, de
5/12/1999, resgatada pela Fundação Perseu Abramo em seu site, o ganho
sobre o patrimônio líquido das empresas privatizadas foi de apenas US$
17,865 bilhões (R$ 67,887 bilhões). Já o total de benefícios concedidos
aos compradores foi de US$ 45,168 bilhões (R$ 171,638 bilhões): US$
15,919 bilhões em créditos tributários (escândalo pouco conhecido da
população e que explicamos a seguir); US$ 8,958 bilhões de “moedas
podres” (títulos que foram esquentados e que, como o nome diz, não
tinham quase nenhum valor de mercado) e US$ 20,289 bilhões em
financiamentos concedidos antes e depois das privatizações.
Mensalão do PSDB: desvio de R$ 496 milhões
Aqui temos
investigações ocorrendo há mais de 10 anos e processos na Justiça há
cinco. De acordo com a Polícia Federal, no mensalão tucano seis
empreiteiras doaram R$ 8,2 milhões para a campanha de Eduardo Azeredo
(PSDB-MG), sem declarar à Justiça Eleitoral, obrigatório por lei. O
jornal Folha de S. Paulo revelou que essas seis empresas receberam R$
296 milhões em pagamentos por obras na gestão governador eleito.
De acordo com o
jornalista Paulo Moreira Leite, o esquema abastecia as agências de
Marcos Valério (preso no chamado mensalão do PT), com recursos do
Visanet para ajudar a pagar as contas da campanha de 1998 do PSDB. A
CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios apontou que o
esquema tucano levantou mais R$ 200 milhões.
Metrô de São Paulo: desvio de R$ 425 milhões
O dinheiro
desviado foi de, pelo menos, R$ 425 milhões, segundo reportagem da
IstoÉ, publicada pela Carta Maior. O Caso envolve a Alstom,
multinacional francesa que teria subornado políticos ligados ao governo
paulista de Geraldo Alckmin para ganhar o contrato da expansão do metrô
de São Paulo, e a Siemens, empresa que admitiu ter formado cartel com
outras 13 para fraudar as licitações dos metrôs da cidade paulista e do
Distrito Federal.
Pasta Rosa: desvio de R$ 9,12 milhões
Acontece um
1995, envolvendo US$ 2,4 milhões de dólares (R$ 9,12 milhões). Uma
auditoria no então Banco Econômico encontrou um dossiê com documentos
que indicavam a existência de um esquema ilegal de doação eleitoral.
Envolvia a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e Antônio Calmon de
Sá, dono do banco. O esquema apontava a distribuição ilegal desse
dinheiro a 45 políticos que se candidataram nas eleições de 1990, entre
eles José Serra (PSDB), Antônio Carlos Magalhães (antigo PFL, hoje DEM) e
José Sarney (PMDB).
Caso Sivam: prejuízo de R$ 5,3 bilhões
Escândalo
estourou em 1995 e envolveu denúncias de corrupção e tráfico de
influência na implantação do Sistema de Vigilância da Amazônia. A
empresa norte-americana Raytheon arrematou, sem licitação, o contrato de
US$ 1,4 bilhão (R$ 5,3 bilhões).
Mensalão do DEM: desvio de R$ 739,5 milhões
O desvio foi R$
739,5 milhões, calculado pela ação do Ministério Público (MPDF). Foi
descoberto em 2009, pela Polícia Federal. Entre outras acusações está a
“exigência de vantagem indevida” (propina) ao ex-governador José Roberto
Arruda. Segundo o MPDF, é referente à compra de apoio parlamentar no
Distrito Federal, por Arruda, que integrava os quadros do DEM.
Somando todos
os valores, encontramos um total de R$ 109.981.120.000,00, enquanto o
que a grande imprensa chama de “maior escândalo de corrupção da
história”, envolveu em trono de R$ 20,130 bilhões.
Cláudio Mota - jornalista, publicitário e responsável pelo Axé com Dendê
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