A decisão corajosa de Daniela Mercury
em assumir publicamente sua relação homoafetiva, primeiro na rede social
Instagram e depois na grande mídia, gerou grande repercussão no Brasil e no
mundo. Fato divulgado, começaram as divagações sobre a posição da cantora, gerando
opiniões de apoio e crítica.
O bom é que episódios, assim, produzem
reflexões importantes. Embora ainda muito lentamente, começamos a debater temas
sensíveis e de grande polêmica. A repercussão mostra o poder de uma artista
renomada em pautar ou intensificar assuntos nas mídias e na sociedade.
Quando surgiram ideias como “se
tratava de uma ação de marketing” ou “estimulava a apologia ao homossexualismo”,
eis que surge a decisão e a postura singular de Daniela, que construiu uma
trajetória respeitada na música e como personalidade que sempre emitiu opiniões
sobre algo.
Quem acompanhou suas entrevistas percebeu
muita serenidade, firmeza e dignidade para declarar o seu amor por uma mulher e
solicitar “ser aceita, ter liberdade, ser respeitada, não suportar ficar
escondida e tratar isso como uma coisa natural”.
Atitude própria de uma grande artista.
De uma mulher preocupada com a sua sociedade - claramente sob disputa de ideias
avançadas e conservadoras - ao afirmar que o contexto político da inadequação do
pastor Feliciano na Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados, lhe deu força. Mesmo entendendo que, “quanto mais se falar das
relações homossexuais”, mas elas vão se tornar naturais, como foi com o fim da vergonha
que as mulheres tinham de serem desquitadas, há muito tempo.
A postura de Daniela também bateu de
frente com a hipocrisia reinante em nossa sociedade. Antes de tornar público o
assunto, foi transparente e sincera com quem mais precisava ser: sua família e seu
ex-marido. E teve a compreensão e o apoio deles.
O
poder da mídia
O fato gerado pela declaração de
Daniela também confirmou o poder da própria mídia em suscitar discussões que
efetivamente materializam elementos da tão almejada democracia. Mesmo que a
grande imprensa (Globo, Veja, Folha, Band, Record, entre outros) defina o que a opinião pública lerá, ouvirá e verá (a agenda
setting), as mídias alternativas (blogs, sites e redes sociais), seguramente,
entrarão no debate para mostrar que há muita coisa além da vã filosofia
oficial.
A fórmula artista renomada e
respeitada mais mídia é igual a debate. Rico, polêmico e importante para a
evolução da sociedade atual. As polêmicas causadas pela declaração de Daniela e
pela eleição de pastor Feliciano para presidir uma comissão como a de Direitos
Humanos revelam a luta de ideias permeando as mídias e geram uma pergunta tão
instigante quanto a que a humanidade faz sobre sua origem: Que tipo de
sociedade queremos? A que um grupo define o que é certo, e quem não age igual
está errado? Ou a que permite as pessoas se enriquecerem com as diferenças?
Daniela é, literalmente, uma mulher
poderosa. Que bom seria se outros artistas contribuíssem para pautar outros
temas importantes e fazer a sociedade avançar. A mídia é poderosa. Que bom
seria se pautasse temas relevantes para produzir o mesmo.
No mais é...
Assumir o amor
Do seu jeito. Seja com quem for,
Sem preconceito,
Seja aonde for.
Assumir o amor
De maneira plena E tranquila,
Saber que vale a pena.
Viver o amor
Com dignidade,Se dar o direito
À felicidade.
Espalhar o amor
Profundo. Abrir horizontes,
Fazer história,
Mudar o mundo.
Cláudio Mota – publicitário, estudante
de jornalismo e responsável pelo Axé com Dendê