domingo, 30 de outubro de 2011

Encontro mundial de blogueiros e a força das novas mídias

Altamiro Borges (1º à esq.), portal Vermelho, um dos organizadores


O 1º Encontro Mundial de Blogueiros, realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, nos dias 27, 28 e 29 de outubro, confirmou a força crescente das chamadas novas mídias, com seus sítios, blogs e redes sociais. Com a presença de 468 ativistas digitais, jornalistas, acadêmicos e estudantes, de 23 países e 17 estados brasileiros, o evento serviu como uma rica troca de experiências e evidenciou que as novas mídias podem ser um instrumento essencial para o fortalecimento e aperfeiçoamento da democracia.

Como principais consensos do encontro – que buscou pontos de unidade, mas preservando e valorizando a diversidade –, os participantes reafirmaram como prioridades:

- A luta pela liberdade de expressão, que não se confunde com a liberdade propalada pelos monopólios midiáticos, que castram a pluralidade informativa. O direito humano à comunicação é hoje uma questão estratégica;

- A luta contra qualquer tipo de censura ou perseguição política dos poderes públicos e das corporações do setor. Neste sentido, os participantes condenam o processo de judicialização da censura e se solidarizam com os atingidos. Na atualidade, o WikiLeaks é um caso exemplar da perseguição imposta pelo governo dos EUA e pelas corporações financeiras e empresariais;

- A luta por novos marcos regulatórios da comunicação, que incentivem os meios públicos e comunitários; impulsionem a diversidade e os veículos alternativos; coíbam os monopólios, a propriedade cruzada e o uso indevido de concessões públicas; e garantam o acesso da sociedade à comunicação democrática e plural. Com estes mesmos objetivos, os Estados nacionais devem ter o papel indutor com suas políticas públicas.

- A luta pelo acesso universal à banda larga de qualidade. A internet é estratégica para o desenvolvimento econômico, para enfrentar os problemas sociais e para a democratização da informação. O Estado deve garantir a universalização deste direito. A internet não pode ficar ao sabor dos monopólios privados.

- A luta contra qualquer tentativa de cerceamento e censura na internet. Pela neutralidade na rede e pelo incentivo aos telecentros e outras mecanismos de inclusão digital. Pelo desenvolvimento independente de tecnologias de informação e incentivo ao software livre. Contra qualquer restrição no acesso à internet, como os impostos hoje pelos EUA  no seu processo de bloqueio à Cuba.

Com o objetivo de aprofundar estas reflexões, reforçar o intercâmbio de experiências e fortalecer as novas mídias sociais, os participantes também aprovaram a realização do II Encontro Mundial de Blogueiros, em novembro de 2012, na cidade de Foz do Iguaçu. Para isso, foi constituída uma comissão internacional para enraizar ainda mais este movimento, preservando sua diversidade, e para organizar o próximo encontro.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Veja se enrola mais nas mentiras

Por Esmael Moaris

 

Uma fonte deste blog na TV Globo, do Rio, informa que não está nada amistosa a relação da emissora dos Marinhos com a revista Veja. O estranhamento de Veja e Globo tem a ver com a artilharia pesada do semanário contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, e o PCdoB.

 

A produção do Jornal Nacional pediu ontem o áudio que Veja recebeu do ex-policial João Dias Ferreira, no qual dialoga com dois assessores do Ministério do Esporte, mas a revista se recusou a fornecer a matéria-prima ao parceiro de PIG (Partido da Imprensa Golpista).

 

O blog foi atrás e descobriu que Veja não possui diálogos que comprometem o ministro ou os assessores acusados por ela. Pelo contrário. É o policial Dias quem se complica ainda mais. O “herói” da revista já esteve preso por desvio de recursos da pasta e é suspeito de assassinato.

 

Na fita que está em poder de Veja, o acusador ameaça com um revólver os assessores do ministério. Por isso a revista não publicou diálogos na reporcagem desta semana.

 

Como norma padrão, o Jornal Nacional sempre dava destaque às estripulias de Veja com a condição de exclusividade nas “provas” materiais adquiridas. Pela primeira vez a revista não cumpriu o acordo e isso deixou a Globo com muito mau humor.

 

A direção TV Globo, segundo a mesma fonte, teme que a emissora tenha sido arrastada numa guerra que poderá custar-lhe o pouco de credibilidade (e os pontinhos no Ibope) que tem.

 

Se a Globo quer saber do áudio secretos de Veja, imagine os comunistas…

 

O ministro Orlando Silva está rindo à toa da trapalhada. Ele fez a sua parte ao pedir para ser investigado, abrir sigilos bancários e telefônicos, enfim, depor no Congresso Nacional.

 

O diabo é que a revista Veja se recusa a fazer a parte dela que é bem mais simples: mostrar o áudio coletado clandestinamente pelo policial João Dias.

 

Fonte: http://www.esmaelmorais.com.br/

 

domingo, 23 de outubro de 2011

Você precisa “se tocar”. Avon, também!

Naspec, firme contra o câncer de mama

Neste domingo (23), no Dique do Tororó, eu e os colegas de faculdade, Danúbio e Cris, participamos do Outubro Rosa, organizado pelo Naspec - Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer. Representamos a turma de Jornalismo do 4º semestre noturno da Faculdade da Cidade, que criou o projeto Doando Amor ao Naspec, fruto de Trabalho Interdisciplinar.

Esse ano, o evento teve a Caminhada para a Vitória, foi animado pela banda Solta o Som e contou com várias ações sociais. Uma coisa que me chamou a atenção foi o patrocínio do Instituto Avon. Assegurou praticamente toda estrutura do Outubro Rosa. Parecia que o ato foi do instituto e o Naspec, apenas um colaborador. Não vi a marca do Núcelo em nada do que foi mostrado e distribuído.

Entretanto, fiquei contente em ver o pessoal do Naspec com a marca produzida pelo Sindicato dos Comerciários de Salvador: Você precisa “se tocar”. Aliás, todo material produzido nessa parceria tem sempre a valorização do sindicato e, mais ainda, do Naspec.

Essa participação da Avon me faz refletir sobre como as empresas no capitalismo se apropriam de manifestações culturais e de campanhas sociais como essa para promoverem sua imagem.

Ok. Legal a Avon fazer parceria com a Femama (Federação das Associações Filantrópicas pela Saúde da Mama) para desenvolver a campanha contra o câncer de mama. Mas, não dá pra conduzir-se no evento como se fosse o seu realizador e colocar entidades da importância do Naspec como coadjuvantes.

O Outubro Rosa é um movimento mundial, nascido em 1997, na Califórnia (EUA). Tem por objetivo dar visibilidade às iniciativas de enfrentamento do câncer de mama e promover a consciência sobre a importância do diagnóstico precoce.

O Naspec merece respeito. Afinal, acolhe e dá assistências a pessoas do interior da Bahia em 75 leitos hospitalares e uma equipe multidisciplinar formada por 61 profissionais voluntários, entre enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticas, terapeutas ocupacionais e psicólogas.

Toda mulher precisa “se tocar”. Ter consciência e fazer o exame de toque para prevenir o câncer de mama. Empresa que querem ajudar nessa luta também precisam se tocar. O Naspec precisa de ajuda, sim. Mas ninguém pode querer ser maior do que ele.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O mundo menos inteligente e menos criativo

Desde o seu início, a humanidade se intriga com a possibilidade de vida inteligente no espaço. Em meio a esse dilema, uma coisa é certa: cada vez que perdemos gênios aqui na terra, o mundo fica menos inteligente e menos criativo.

Após sete anos lutando contra um câncer no pâncreas, Steves Jobs, criador da maior e mais valiosa empresa do mundo, a Apple, não conseguiu vencer a doença. Logo ele, de inteligência rara e criatividade fora do normal, que criou o primeiro computador pessoal do mundo e tecnologias que transformaram nossas vidas.

Para muitos, Jobs era um visionário. Alguém que via, percebia e sentia antes dos outros. Que, ao criar o iPod, o iPhone e iPad, aproximou pessoas com um simples clicar de botões. Que colocou a tecnologia na nossa vida cotidiana.

Inquieto e inovador, ao descobrir o câncer, afirmou que a morte era a maior invenção da vida. A ferramenta mais importante para lhe ajudar a tomar grandes decisões na vida (melhor para humanidade).

O gênio visionário dizia que só se conseguia ligar pontos olhando para trás, mas era preciso confiar que os pontos irão, de alguma forma, se conectar no futuro. Para Jobs, era preciso acreditar em algo, o que nunca o decepcionou e fez a diferença durante a vida.

Produzir tecnologia para ele não era algo só racional. Era essencial ouvir a voz interior e ter coragem de seguir o coração e a intuição. Os equipamentos sofisticados e diversificados foram idealizados por alguém que acreditava no foco e na simplicidade. Segundo ele, “o simples pode ser mais difícil que o complexo. Mas vale a pena porque, quando você chega lá, pode mover montanhas".

A grande questão sobre vida inteligente para além da terra é se ela vem de lá prá, ou se vai de cá pra lá. Steve Jobs e tantos outros seres que transformaram o mundo ou a maneira como o vemos confirmam que o mais importante é colocar nossa vida e nossa inteligência à disposição da humanidade.

Tudo para que ela continue sua saga, sua epopéia grandiosa em busca da transformação social, política, cultural e econômica. Em busca do novo para por fim a mesmice.

Thank you very much, Mr. Jobs!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mulher, cultura e liberdade


Já havia postado duas opiniões sobre o tema. Como está para ser votado a qualquer momento na Assembleia Legislativa, gostaria de colocar mais um pouquinho de dendê no assunto. O projeto da deputada estadual Luiza Maia (PT) já conseguiu algo importante: pautar a discussão sobre a discriminação da mulher na cultura popular.

Muitas polêmicas entorno do objetivo central do PL - evitar que o Estado financie músicas que agridem a dignidade feminina – ajudam a fortalecer a democracia com opiniões distintas. Grande parte das ponderações contra o projeto fala da censura que ele imporia à liberdade de expressão.

Liberdade absoluta?

É justamente ai que quero meter bedelho e colher. Em nossa sociedade, o que comanda o conjunto de liberdades tem sido a lógica do livre mercado, cujos defensores querem que o Estado não regule nada. As relações econômicas entre empresas é que dão o tom à economia.

O economista Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel, criticou o FMI por produzir crenças de que o livre mercado amplia a liberdade individual, tende a um equilíbrio natural graças à "mão invisível" e que os interesses da sociedade são atingidos quando as pessoas podem perseguir seus próprios interesses.

Mitos que cairam por terra com a crise dos países ricos e pais do livre mercado, com suas desigualdades sociais. O Estado agiu e tomou medidas para proteger a sociedade. Inclusive, empresas e bancos também foram beneficiados com essa ajuda. É, a liberdade não é absoluta.

Liberdade de expressão

Outro aspecto que podemos tratar é sobre a liberdade de expressão, assegurada na Constituição Federal. Ninguém duvida que a manifestação livre de opiniões e ideias é essencial para o fortalecimento da democracia em qualquer sociedade.

Na Grécia Antiga, Aristóteles afirmava que todo trabalho devia ser executado pelos escravos para que os cidadãos pudessem se reunir na Ágora (praça pública) e deliberar sobre os assuntos. O direito à voz era de todos, que expressavam seus pensamentos. Todos, “pero no mucho”. Mulheres, escravos, prisioneiros e estrangeiros não participavam. A liberdade de alguns custava a escravidão e a exclusão da maioria.

A liberdade de expressão está relacionada especialmente com a liberdade de imprensa, onde o o Estado garante a cidadãos e organizações publicarem qualquer pensamento ou ideia. É realmente assim? Se fosse, por quê há regulações que colocam determinados programas ou filmes a partir de determinados horários? Por que são proibidos filmes pornôs nas televisões abertas? Os criadores desse gênero reivindicam que suas obras também são cultura e tem público. É, a liberdade não é absoluta.

Cultura e sociedade

Outro elemento nessa discussão é a relação cultura-sociedade. Para o filósofo alemão Karl Marx, o ser humano não constrói sua história livremente, pois situações anteriores condicionam o modo como acontece essa construção. Mas, ele tem capacidade de reagir e transformá-la.

Pesquisando o tema, encontrei o artigo “Sociedades complexas: indivíduo, cultura e individualismo”, de Ricardo Bruno Cunha Campos, publicado na Revista Eletrônica de Ciências Sociais.

Segundo ele, as sociedades ocidentais, estruturadas sob o capitalismo, se desenvolvem num contexto multicultural, e que a lógica do capital coloca as manifestações culturais em uma rede de produção de massa voltada para o consumo (ao bel prazer do livre mercado).

Liberdade e responsabilidade  

Na lógica do livre mercado e da liberdade de expressão, compositores e cantores dessas músicas continuam livres para cantar nas rádios e em festas privadas, a grande maioria. Por sua vez, o Estado pode - deve! - usar a liberdade de investir o dinheiro público para promover manifestações culturais que valorizem a mulher.

Se é verdade que a cultura é reflexo da sociedade que a produz, também é verdade que ela ajuda a construir tipos de sociedades. Será que as mulheres que disseram não se importar com as letras, mas apenas com o som das músicas, gostariam de ouvir, num local público, um homem "sedutor" dizer “vem cá, me dá a patinha...me dá sua cachorrinha”?

O projeto chamado de “antibaixaria”, longe de querer censurar liberdades, propõe a construção de uma sociedade melhor e culturalmente mais rica. E isso é responsabilidade de todos, especialmente do Estado.

Jean Wyllys ameaçado por homofóbicos


Ativistas reagiram ao tomar conhecimento de páginas na internet que incitam à prática de violência sexual e de homofobia. Entre as manifestações questionadas, estão uma campanha que pede a morte do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e um blogue que defende "penetração corretiva de lésbicas".

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) recorreu à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal (MPF). A demanda, assinada por Toni Reis, presidente da organização, é por investigação e providências para que o blogue e as páginas sejam retirados do ar e para que os autores respondam pelos atos criminosos.

O blogue Silvio Koerich apresentava recomendações para se estuprar lésbicas com o intuito de supostamente "corrigir" sua orientação sexual. A "receita" inclui uso de "toca ninja", luva, lenço e éter. E sugere que, se a vítima for conhecida pelo agressor, seria recomendável usar preservativo para evitar identificação.

Em outros textos, o mesmo blogue defendia que gays fossem enterrados vivos e incluía manifestações racistas, afirmando que os negros são uma "raça inferior" à dos brancos.

A Polícia Federal afirmou, por meio do Grupo de Combate aos Crimes de Ódio e Pornografia Infantil, ser impossibilitada de avançar nas investigações. Por se tratar de apologia a crime, com pena de detenção, e não infração mais grave, não há meios para se obter a identidade do dono do domínio. Além disso, por ter final ".com", registrado nos Estados Unidos, a apuração seria ainda mais difícil.

A campanha pela morte de Jean Wyllys tem um perfil no Twitter. Criado no dia 23/9, havia atualizações apenas até o dia 26, com ataques a homossexuais e a defensores de direitos humanos. Homossexual assumido, o parlamentar é coordenador da frente parlamentar mista de diversidade e tem posição central na discussão do projeto de lei que criminaliza a homofobia.

Postado no Blog do Miro