sábado, 24 de março de 2012

Por encanto

                                    
 Por um instante,
O riso silenciou.

Não chora, Brasil.
Ri com louvor.
No seu canto, por encanto,
O mestre se eternizou.

O mestre que misturou
Popular e erudito,
Fez mil personagens,
Reinventou o riso.

Não chora, Brasil.
Ri com louvor.
No seu canto, por encanto,
O mestre se eternizou.


Seu humor atravessou os tempos,
Nos fez redescobrir a alegria,
Reverenciar o multitalento.
Cinema, teatro, música,
Literatura, arte, poesia.

Não chora, Brasil.
Ri com louvor.
Um novo show começa.
Os anjos aplaudem o mestre
Que, no seu canto, por encanto,
Se eternizou.

Valeu, mestre Chico!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Tradicionalmente moderna. É a juventude e o sonho brasileiro



A juventude brasileira mostra sua nova cara. Uma cara que reflete o pensamento dos jovens no mundo em que a Era Digital influencia comportamentos e atitudes na sociedade. Essa nova maneira de ver o mundo foi revelada pelo projeto Sonho Brasileiro, uma pesquisa feita em 2010 e divulgada ano passado pela Box1824, empresa de pesquisa comportamental. 

Sonho Brasileiro buscou conhecer o pensamento, os desejos e os sonhos dos jovens brasileiros. Com a contribuição do Datafolha, a pesquisa se dividiu em qualitativa e quantitativa.

Na fase qualitativa, foram entrevistados jovens de 18 a 24 anos, das classes A, B e C nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Já na quantitativa, o público continuou sendo os jovens de 18 a 24 anos, porém das classes A,B,C,D,E. Foram ouvidos 1784 jovens de 173 cidades, em 23 estados.  

De uma forma geral, os resultados revelaram que a “galera” que quer transformar o mundo é mais de somar ideias diferentes para isso do que escolher algo entre duas opções. Ela é mais “e” do que “ou”. Quer mais integração que segregação. Suas ideias e conceitos estão mais abertos, flexíveis e voltados para o diálogo. 

Misturar e trabalhar 

Seguramente, em função das mudanças recentes no país, o otimismo tomou conta dos jovens. 76% deles acreditam que o país está mudando para melhor. 89% se orgulham de ser brasileiro. Para 81% é possível mudar a sociedade quando pessoas que pensam diferente se juntam. 83% querem que partidos políticos de diferentes ideologias se unam por uma mesma causa. 68% querem a cultura local misturada à global.

A pressa também faz parte da realidade juvenil. O sonho tem que ser materializado logo. 55% dos jovens quer depressa formação profissional e emprego. Ao contrário dos pais, eles não querem apenas “ganhar dinheiro” ou status. Querem a profissão que sonharam ajudem na realização pessoal. 

O mundo está ao contrário e eles repararam 

Os jovens atuais não acham necessário destruir o que foi construído para surgir o novo. Valorizam o que outros (pais e pessoas) já fizeram para chegarem até aqui. 

A pesquisa transcreveu a fala de uma garota: “Esse ensinamento tem que encontrar a gente, o novo. Uma coisa move a outra. Eu até brinco pra me definir: sou tradicionalmente moderna.”

Eles não pensam em bater de frente para transformas as coisas. Entendem que as mudanças acontecerão  por articulações colaborativas, pacíficas e simbólicas do que em conflitos, choques ou violência. Para um dos entrevistados, a paz não é ficar passivo. Não precisa brigar, mas é correr atrás daquilo que lhe traz paz. 

Pensar global agindo local 

Com o fenômeno da globalização, a noção do espaço de ação também ganhou outra dimensão para a juventude brasileira. O mundo é o seu lugar e está muito pequeno, não podendo se pensar mais que somos apenas brasileiros. Devemos lutar por todos.

Talvez essa forma de pensar reflita o encurtamento da distância entre as pessoas através da web: “O que está ao seu alcance não é necessariamente o que está ao seu lado”. Isso também se reflete na cultura.

A juventude vê as manifestações globais como uma possibilidade de diálogo e troca de experiência, e não como algo que anula as particularidades locais.

Segundo os relatos dos jovens pesquisados, a internet quebrou barreiras físicas, possuiu grande capacidade de gerar movimentos espontâneos, a partir de pequenas ações de grande amplitude. A rapidez da dinâmica online produz o sentimento do “é pra já”, com eles optando por aproveitar as oportunidades imediatas do que esperar o futuro chegar.

Isso trouxe uma questão que a publicidade já trabalha para conquistar as pessoas: nesse mundarél de informações, para não ficarem atordoadas, as pessoas selecionam aquilo que mais lhes interessa.

Uma preocupação surge com outro dado revelado. Com as redes, os indivíduos ganharam poder de fala, saindo da censura dos grandes meios de comunicação (TV, rádio, jornal). Os jovens perderam confiança na representação política, pois podem suprir suas demandas de outras formas. 

Desejos e sonhos novos 

Outros dados mostram os principais desejos dessa galera. 13% querem o fim da corrupção; hoje, jovens têm mais oportunidades; 92% acreditam que soma de pequenas ações (suas) pode mudar a sociedade; É a geração que faz acontecer os sonhos; não fica esperando, vai atrás; 77% sonham cursar universidade; 79% acreditam que família é a base; 90% acreditam que transformações na sociedade acontecem aos poucos; 74% sentem obrigação de fazer algo pelo coletivo, diariamente; 76% acham que seu bem-estar depende do bem-estar da sociedade; 90% querem profissão que ajude à sociedade.

Agora, é entender as conexões dessas informações para entender melhor os nossos jovens. Entendeu?



segunda-feira, 12 de março de 2012

“O povo brinca. Mas, com o povo não se brinca”

                               
Minha amiga Patrícia Ramos me enviou um e-mail e achei importante postar a história no Axé e divulgar no Facebook. Trata-se de dos números econômicos do Carnaval de Salvador, publicados na revista da Metrópole. Eu adoro essa festa maravilhosa. Depois de muito tempo curtindo nas ruas, hoje gosto de ficar em camarote.

Agora, não podemos ver determinadas coisas e não fazer nada. Não dá para saber que, enquanto milhares se espremem na hora de os blocos passarem, o Camaleão fatura, com a venda de abadá, R$ 6,65 milhões, o Me Abraça, R$ 5,4 milhões e o Corujas, R$ 4,94 milhões. Tudo isso em apenas três dias, fora os patrocínios.

Já os camarotes - muitos deles ligados aos nossos grandes artistas -, se deram de bem. O do Reino faturou R$ 7,2 milhões e o Nana Banana, R$ 6,2 milhões. E, pasmem! O Camarote Salvador não desocupou e abocanhou R$ 14,4 milhões. Fora os patrocínios.

A questão não é ter várias opções que consideramos mais confortáveis para brincar o Carnaval, mas a relação absurda entre o público e o privado. É inaceitável que se ganhe fortunas com diversão e ainda se divirta com o dinheiro público. Esses empreendimentos privados pagam R$ 10,58 de taxa inicial e mais R$ 42,34 por metro quadrado para montar um camarote.

Nem de longe cobrem os custos da festa. Entretanto, governo e prefeitura investiram mais de R$ 60 milhões do dinheiro público, para garantir polícia na rua, serviços de saúde e limpeza, além de montar e desmontar toda infraestrutura.

Enquanto isso, o hospital Martagão Gesteira declarou que, há meses, a Prefeitura de Salvador não lhe pagava uma dívida de R$ 2 milhões. O hospital corre o risco de fechar e cerca de 700 crianças ficarão sem tratamento.

“O povo brinca. Mas com o povo não se brinca”. Esse foi o tema de um dos carnavais de um bloco chamado Panela Vazia, criado pelo PCdoB nos anos 80.

Nada mais atual. Valeu, Paty!

quinta-feira, 8 de março de 2012

...Que meu nome é mulher!

Descreve do jeito que bem entender,
Descreve seu moço.
Porém não te esqueça de acrescentar
Que eu também sei amar,
Que eu também sei sonhar,
Que meu nome é mulher.

Descreve meus olhos, meu corpo, meu corte
E diz que sou forte,
Que sou como a flor.
Nos teus preconceitos de mil frases feitas,
Diz que sou perfeita e sou feita de amor.

Descreve a beleza da pele morena
Me chama de loira, selvagem, serena.
Nos teus preconceitos de mil frases feitas,
Diz que sou perfeita e sou feita de mel.

Descreve do jeito que bem entender,
Descreve seu moço.
Porém não te esqueça de acrescentar
Que eu também sei sonhar,
Que eu também sei lutar,
Que meu nome é mulher.

Descreve a tristeza que tenho nos olhos,
Comenta a malícia que tenho no andar.
Nos teus preconceitos de mil frases feitas,
Diz que sou perfeita na hora de amar.

Descreve as angústias da fome e do medo.
Descreve o segredo que eu guardo pra mim.
Nos teus preconceitos de mil frases feitas,
Diz que sou perfeita, qual puro jasmim.

Descreve do jeito que bem entender,
Descreve seu moço.
Porém não te esqueças de acrescentar
Que eu também sei amar,
Que eu também sei lutar,
Que meu nome é mulher.

Descreve também a tristeza que sinto.
Confesso e não minto que choro de dor.
Tristeza de ver humilhado meu homem,
Meus filhos com fome, meu lar sem amor.

Descreve seu moço a mulher descontente.
De ser objeto do macho e senhor.
Descreve este sonho que levo na mente,
De ser companheira no amor e na dor.

Descreve do jeito que bem entender,
Descreve seu moço.
Porém não te esqueças de acrescentar
Que eu também sei amar,
Que eu também sei lutar,
Que meu nome é mulher.

Hoje, certamente muita gente falará de coisas concretas. Preferi a emoção do Canto da Mulher Latino-Americana, que ouvi pela primeira vez há 20 anos, na voz linda de uma trabalhadora rural. Parabéns a você, mulher. Solta o som!


quarta-feira, 7 de março de 2012

Recomeçar

“Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou.
O que importa é que sempre é possível e necessário recomeçar.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida e, o mais importante:
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito neste período?
Foi aprendizado.
Chorou muito?
Foi limpeza da alma.
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia.
Sentiu-se só por diversas vezes?
É porque fechaste a porta até para os anjos.
Acreditou em tudo que estava perdido?
Era início de tua melhora.
Onde você quer chegar?
Ir alto?
Sonhe alto.
Queira o melhor do melhor.
Se pensarmos pequeno,
Coisas pequenas teremos.
Mas, se desejarmos fortemente o melhor e,
Principalmente, lutarmos pelo melhor,
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo,
E não do tamanho da minha altura.” 
Carlos Drummond de Andrade