terça-feira, 23 de agosto de 2011

Curto e grosso...e incrível

“A vida é assim:

Esquenta e esfria;

Aperta e depois afrouxa;

Sossega e depois desinquieta...

O que ela quer da gente

É coragem”

Guimarães Rosa

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A mulher, a esfinge e nossos enigmas



Dois momentos interessantes na faculdade. Primeiro, o professor Marcílio nos brindou com um incrível texto seu, onde citou o enigma da esfinge. Depois, eu e colegas da faculdade conversamos descontraidamente sobre os dilemas vividos por homens e mulheres na relação a dois. Isso é que é discutir relação coletivamente. 

Ai, me veio a continuidade daquela história sobre o machismo que também cansa. A gente pode perceber que a mesma sociedade que exige determinados comportamentos masculinos também moldou valores femininos. 

Há algum tempo, o pai da psicanálise,Freud, fez a mais famosa indagação sobre a mulher. Afirmou que, depois de ter estudado a mente humana, não conseguia responder: "Afinal o que querem as mulheres?” 

Geralmente, homens e mulheres refletem, em suas atitudes, os valores da sociedade onde vivem. A mulherada foi à luta, ingressou no mercado de trabalho, passou a ter maior escolaridade, conquistou espaços importantes na sociedade.

Fizeram isso incorporando valores ditos “masculinos”. De femininas, doces, frágeis, delicadas e sensíveis, tiveram que mostrar altivez, falar firme e ter uma postura de forte. Tudo para se afirmar e não deixar dúvidas de sua capacidade e competência nos espaços ditos “masculinos”. 

Mundo gira, gente muda

E agora? Homens e mulheres criam expectativas em relação às atitudes e comportamentos do sexo oposto. Segundo o psiquiatra Luiz Cuschnir, bem lá atrás, o forte, ágil e viril era o “cara”. Tinha que alimentar e defender sua tribo. É, o cara das cavernas era sedutor, sim. Tempos depois (Idade Média) foi a vez do cavalheiro, honrado e valente (o tal príncipe encantado).

Com as descobertas científicas, o inteligente, curioso e inconformado mexia com a libido e a alma feminina. Mais recentemente, perfis como o metrossexual (o cara preocupado com a aparência), o sensível e o compreensivo provocaram a imaginação feminina. 

Mesmo com tantas mudanças, a cultura machista ainda se reforça em muitos aspectos. Inclusive por algumas atitudes femininas. Quer ver? A mulher forte, decidida e firme também se fragiliza e não abre mão de se sentir protegida por alguém forte. O cara aparentemente frágil se ferrou. Dois corpos (fragilizados) não ocupam o mesmo lugar na terra ao mesmo tempo.

Acontece que o forte aqui traz consigo todo o colesterol ruim do machismo, que oprime, desqualifica e desvaloriza a mulher. E também cansa.

A esfinge que nos perdoe, mas esse enigma é nosso, de homens e mulheres (licença, Marcílio). Afinal, queremos alguém parecido com a gente, correndo o risco de ter uma relação tipo cortadinho de chuchu? Queremos alguém diferente, correndo o risco de nos enriquecer e nos completar, mas de viver uma relação conflituosa? 

Cuidado! Podemos ser devorados, devoradas.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

É larga, mas tá estreita



A internet abriu um mundo inteiro de possibilidades para as pessoas. Ela revolucionou nossa vida e a comunicação. Através de clicks rompe-se o cerco das grandes mídias, que não abrem espaço para a diversidade de opiniões. A web contribuiu para democratizar também o conhecimento.

Entretanto, não conseguiu cumprir sua missão original de ser, de fato, uma rede mundial de computadores, conectando milhões de sere ávidos por saberes.

Mesmo com avanços, muita gente não tem acesso à conexões rápidas, que só a banda larga pode oferecer. Por isso, atualmente uma das princiais lutas pelo direito à comunicação é pela garantia desse serviço, universal, de qualidade e acessível a toda população. A UIT (União Internacional de Telecomunicações) define banda larga como a capacidade de transmissão que é superior a 1.5 ou 2 Megabits por segundo.

O problema é que banda larga no Brasil, mesmo com o crescimento do número de usuários e velocidade, é mais cara e mais lenta do que em outros países. Aqui, a banda larga ainda tá estreita.

Segundo pesquisa do Barômetro Cisco de Banda Larga, existem 20 milhões de conexões banda larga no Brasil. Muito pouco para uma população de quase 200 milhões de pessoas.

No final do seu governo, o ex-presidente Lula lançou o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). O objetivo é massificar, até 2014, a oferta de acessos de internet banda larga com velocidade de 1 Mbps e preços a partir de R$ 35.

A Telebrás comandará o sistema e as empresas privadas o complementam. Mas, apenas 100 cidades receberão inicialmente o PNBL. Segundo o IDEC (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor), a oferta desse serviço está concentrada nas mãos de poucas empresas.

A banda larga é um instrumento essencial para o direito da população à comunicação e à cidadania. Deve ser universal, ter preço justo, ser eficiente, de qualidade e rápida. Senão, vai continuar larga, mais muito estreita.

domingo, 14 de agosto de 2011

Pô, Bibi. Inverteram-se os papeis. Os valores, não


Ele, um malhadão, bonito, burro, ingênuo e alpinista social. Ela, uma mulher independente e bem sucedida, que esnoba os homens. É o casal mais comentado da televisão: Douglas e Bibi, vividos hilariamente por Ricardo Tozzi e Maria Clara Gueiros em Insensato Coração. Quando entram em cena, proporcionam momentos engraçadíssimos.

Provavelmente o sucesso se deve por mostrar uma inversão de valores entre homens e mulheres. Ele bateu pé firme e intimou: "Pô, Bibi. Me tocar agora, só casando". Ela retrucou: "Qual é, Douglas? Tá me pressionando por quê?" Falas que na vida real estariam invertidas.

Sem dúvida, a novela é o maior fenômeno cultural da sociedade latinoamericana. Emociona, problematiza situações cotidianas e produz comportamentos, hábitos e costumes. É comum bordões, trejeitos e roupas de personagens ganharem corpo na vida real. Ficção e realidade se misturam, produzindo (ou não) mudanças sociais.

Numa sociedade avançada culturalmente, falas e atitudes de Douglas e Bibi não causariam estranheza. Um homem pedindo pra casar? Uma mulher resistindo? Os dois poderiam viver uma relação nova, construída por eles mesmos, com os próprios parâmetros de felicidade, sem a imposição de valores seculares.

Mas, tudo indica que o final aponta, mais uma vez, para que a mulher até então pegadora aceite o xeque-mate imposto pelo homem até então ingênuo. É, a trama inverteu os papeis dos personagens, mas não alterou os valores tradicionais da nossa sociedade, que condicionam homens e mulheres.

Novo capítulo

Se a televisão e as telenovelas têm um poder extraordinário sobre as pessoas ao trabalharem dramas humanos, fatos políticos, aspectos culturais e sociais, é preciso um novo capítulo: jogar papel mais crítico na transformação desses elementos.

Afinal, a novela reflete nosso imaginário coletivo e influencia na construção de realidades e identidades sociais e culturais. Ah! Não dá pra esquecer que quem faz TV e novelas tem sua visão de mundo e ganha muito bem para emocionar ou problematizar o cotidiano sob determinada ideologia, geralmente conservadora.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Machismo também cansa

Nunca demonstrar suas emoções. Mandar e desmandar, sem ouvir a opinião dela. Ter firmeza o tempo todo. Dominar qualquer situação. Tomar as principais decisões. Só fazer o que quiser e quando quiser. Contabilizar o número de mulheres conquistadas, mesmo que seja só “pilha” para impressionar os amigos. Ufa!

Depois de tudo isso, aquele auto-elogio, elogios de outros homens (e delas) e a certeza de estar cumprindo bem o papel que a sociedade lhe concedeu. O cara não percebeu que isso exige muito esforço e deixou características nada agradáveis, como ignorância e agressividade. Muitas vezes, deixando-o insuportável.

É meu amigo, caímos numa armadilha e não nos demos conta. Mas, isso vem lá dos tempos das cavernas, da “pedra lascada”. Pelas condições adversas da natureza e por termos maior força física tivemos que ir à caça e defender nosso território. Enquanto isso, pela capacidade de lidar com várias coisas, as mulheres cuidavam do lar e das crias.

Um cara chamado Friedrich Engels, filósofo revolucionário alemão,escreveu um livro: A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Ele desvendou essa relação desigual entre homens e mulheres.

Descobriu que “à medida que as riquezas aumentavam, davam ao homem uma situação mais importante na família que a mulher”. Que o homem se utilizou disso para “reverter, em benefício dos filhos, a ordem de sucessão tradicional, onde a mulher era a definidora”. Para ele a “reversão do direito materno foi a grande derrota histórica do sexo feminino”.

Assim, nossos ancestrais passaram a governar também na casa. Engels observou que “a primeira opressão de classe social coincide com a opressão do sexo feminino pelo sexo masculino”.

Mal necessário

Isso nos deu a “doce ilusão” de dominar o pedaço (todos os pedaços). Os tempos mudaram, mas ainda tempos que nos valer desse legado para sobreviver na “selva de pedra”. Um mal ainda necessário.

Demonstrar emoções. Construir a vida ouvindo a opinião dela. Não ter que ter firmeza o tempo todo. Não dominar qualquer situação. Não ter que tomar as principais decisões. Não ter que contabilizar o número de mulheres conquistadas, Não fazer o que quiser e quando quiser.

Legal, né? Confesso que cansa ter que agir o tempo todo de acordo com o manual da cultura machista e não poder se desenvolver melhor emocionalmente.

Mas, elas... (bom, falo disso depois). Música, Dj.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Se a gente fizer, amanhã será sempre um lindo dia

Começando a se entender

Enfim, deliberações sobre comunicação começam a ser implementadas na prática em solo baiano. A Mesa Diretora do Conselho de Comunicação e Políticas Públicas da Metrópole de Salvador (COMPOP) e a Coordenação Executiva do Fórum COMPOP de Salvador (FOCSSAL) realizam o 3º Encontro Municipal do Fórum. Será dia 11, a partir das 14h, na Biblioteca dos Barris.

Entidades sociais e ativistas da luta pelo direito à comunicação vão debater as demandas sociais da população e escolher os representantes de Salvador na 2ª Conferência de Comunicação e Políticas Públicas da Metrópole de Salvador, que se realiza nos dias 25 e 26 desse mês. O Fórum é uma instância do Conselho.

Esses eventos acontecem após a criação do Conselho de Comunicação Social da Bahia, projeto do governo Wagner aprovado pela Assembleia Legislativa em abril, depois de 20 anos previsto na Constituição da Bahia.

É, estamos começando a nos entender. O Conselho permitirá a participação da sociedade na formulação de políticas públicas para a comunicação. Receberá e encaminhará denúncias sobre abusos e violações de direitos humanos, acompanhará a distribuição das verbas publicitárias, estimulará a regionalização da produção cultural, entre outras atribuições.

Contribuirá para a democratização dos meios de comunicação. Não dá pra ficar de fora, sem soltar o verbo.


domingo, 7 de agosto de 2011

Ô Inho... e a Lei Maria da Penha?


Esse final de semana fiz uma tur teatral interessante e rica. Depois de Camila Baker assisti Ô INHO... E EU? no Teatro Dias Gomes (Sindicato dos Comerciários). A peça mostra o dia-adia de mulheres em situações de violência e celebra os cinco anos da Lei Maria da Penha (nº 11.340/06), que pune a violência contra a mulher.

Mais uma vez, o talento do teatro baiano mostra que é possível divertir e emocionar tratando temas sérios e que dizem respeito à cidadania. Com uma linguagem simples e muito humor, chama a atenção para a valorização da auto-estima feminina. Tudo a partir do cotidiano de mulheres que enfrentam problemas como machismo, exclusão social, traição, agressão física e mental, gravidez na adolescência. 

Maria, Maria da Penha

Maria da Penha se tornou o símbolo maior do combate à violência contra a mulher. A Lei 11.340/06 é uma homenagem a sua luta. Ela foi espancada de forma brutal e violenta diariamente pelo marido durante seis anos de casamento. Por duas vezes, ele tentou assassiná-la por ciúme. Ele a deixou paralítca e só foi punido depois de 19 anos de julgamento.

Por isso, o Brasil foi denunciado aos organismos internacionais que tratam do tema e acelerou a criação de uma lei que coibisse a violência contra a mulher. A Lei Maria da Penha é reconhecida pela ONU como uma das três melhores leis do mundo.

Mesmo com avanços, o problema permanece. Quatro em cada dez mulheres brasileiras já foram agredidas por companheiros e cerca 40% das mulheres admitem ter sofrido algum tipo de violência. Segundo o IBGE, apenas 559 municípios possuem espaços destinados para as mulheres em situação de violência.

Liège Rocha, da União Brasileira de Mulheres (UBM), afirmou no portal Vermelho que são necessárias campanhas sistemáticas de sensibilização em escolas, empresas e na sociedade como um todo, além de se intensificar a capacitação dos profissionais envolvidos nesses serviços.

Enquanto isso se processa, vamos fazendo nossa parte, nos conscientizando e homenageando as mulheres...


sábado, 6 de agosto de 2011

Que mulher louca e maravilhosa




 
Recomendo a você o espetáculo Camila Baker. Aliás, recomendo a gente ir mais ao teatro. A nossa riqueza não está só na música. Fernanda Montenegro disse uma vez que “só em ir ao teatro as pessoas já melhoram um pouco”.

É uma comédia escrita por Emílio Boechatcom com a marca de Fernando Guerreiro. As mãos de Guerreiro e o talento de atores incríveis confirmam a qualidade do teatro baiano, com cara de Bahia: humor inteligente temperado com muito axé e muito dendê.

Fernando Marinho, Diogo Lopez Filho, Widoto Áquila, Rafael Medrado e Pisit Mota interpretam divinamente personagens femininas.

Para contar a história fictícia da atriz de teatro Camila Baker, somos agraciados com acontecimentos divertidos de sua trajetória teatral, desde uma tragédia grega, uma peça de protesto, uma montagem de vanguarda e uma infantil.

Essa comédia provoca e discute com humor glória, decadência, amor, inveja, sonho e cobiça. Sala do Coro do TCA, de sexta a domingo às 20h, até 28 de agosto. Vai lá. Você vai se sentir uma pessoa ainda melhor.

Ah! Antes havia assistido Nú Buzú, com a incrível e talentosa Tânia Toko (Neuzão de Ó Pai, Ó) e A Serpente, produzida a partir de um texto de Nelson Rodrigues, que tinha no elenco a minha amiga e também talentosa Alda Valéria (Deus Danado). Valeu, Aldinha. Belo espetáculo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Parece que o dono da casa viajou


A gente quer nossa casa limpa e arrumada para nos sentirmos bem e recebermos bem amigos e familiares. Temos que cuidar bem dela porque é pra onde voltamos todos os dias e onde vivemos nossos melhores momentos.

Para isso, é necessário fazer com prazer. Tá provado. Pra gente viver bem em casa, bastam algumas atitudes simples: varrê-la, limpar cozinha e banheiro, e por ai vai.

O estresse do trânsito, as pressões no trabalho, os aborrecimentos no dia-a-dia. Tudo isso mexe com nosso psicológico e nos leva a desenvolver  irritação, apatia, esgotamento e até aquela deprê. Por isso, casa arrumada também é sinônimo de saúde.

Podemos considerar Salvador uma casa pública, onde o dono é definido por outros sócios cotistas. E parece que ele viajou e esqueceu de voltar. Dizem que é pela casa que se conhece o dono. Se pegarmos o Centro e a Estação da Lapa veremos escadas sempre quebradas, banheiros imundos, muito lixo pelo chão e uma feira onde se vende de tudo, sem organização.

Tá nos jornais e televisões todos os dias: greve de servidores por baixos salários, serviços mal prestados por falta de pagamento às empresas contratadas, trabalhadores terceirizados sem salários. Ufa! Ok, a arrecadação da prefeitura é pouco. Mas como é que pessoas simples deixam sua casa um brinco? Seguramente porque administram bem o que arrecadam.

Numa casa pública, é essencial administrar observando interesses maiores da população e ter firmeza para tomar decisões importantes. É fundamental assegurar a unidade política de quem caminhou junto até a vitória.

Mas, os sócios cotitas (a população) precisam ser mais exigentes pra ter a casa bem cuidada. Como? Participando mais. Conhecer o que nos faz mal ajuda a mudar nossos hábitos. É preciso despertar a vontade de transformar o lugar onde moramos em algo cada vez mais especial.

É sempre bom ir pra onde tenha sol

ONU lança campanha Mulheres e Direitos

As Nações Unidas e parceiros vão lançar, na sexta-feira (5/8), no Rio de Janeiro, a campanha “Mulheres e Direitos”, composta por três filmes para TV sobre a importância da denúncia dos casos de violência contra as mulheres e acionamento do serviço 180 – Central de Atendimento à Mulher.

A campanha tem como objetivo principal contribuir para a conscientização da população com vistas à redução da violência contra a mulher e para a promoção da equidade de gênero e da saúde da mulher.

O ato de lançamento acontecerá às 10h30, no Palácio do Itamaraty, nas presenças da Ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, de Maria da Penha Maia Fernandes, atores e atrizes dos filmes, representantes da Secretaria de Políticas para as Mulheres, da sociedade civil e do Sistema das Nações Unidas.

As peças são estreladas por Maria da Penha Maia Fernandes, cuja história impulsionou a criação da Lei 11.340/06, de prevenção e erradicação da violência contra a mulher, que completará 5 anos no domingo (7/8). O primeiro filme é dirigido aos homens. Os atores Milton Gonçalves e Bernardo Mesquita e o dançarino Carlinhos de Jesus convocam a sociedade a acabar com a violência contra as mulheres. Eles lembram ainda o avanço das mulheres na sociedade brasileira e tomam partido pela igualdade de gênero.

No segundo filme, quatros mulheres – negra, indígena, branca e outra de meia idade – buscam ajuda numa delegacia especializada de atendimento à mulher. A sequência registra o momento em que as mulheres dão um basta à violência e acessam os serviços públicos. Na terceira peça, duas mulheres do Norte do país – uma negra e outra indígena – lavam roupa num rio e conversam sobre os primeiros sinais da violência, quando os homens começam a querer controlar as suas vidas.

A campanha “Mulheres e Direitos” é uma iniciativa da ONU e parceiros: o UNAIDS – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, a ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, o UNFPA – Fundo de População das Nações Unidas,  o UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância, o UNIC Rio – Centro  de Informação Pública das Nações Unidas para o Brasil e o Instituto Maria da Penha, com apoio da German Backup Initiative da GIZ.

Os filmes foram produzidos pela Documenta Filmes, tendo direção de Angela Zoé e coordenação da [X] Brasil Publicidade em Causas/Daniel de Souza.
Contatos: (21) 2253-2211 / 8202-0171. valeria.schilling@unic.org

Por Patrícia Ramos – dirigente da UBM (União Brasileira de Mulheres)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

E se for Caetano Veloso?


Nada melhor do que apimentar debates com um ingrediente como Caetano. A música Não Enche foi tema da personagem Bebel (uma garota de programa), interpretada por Camila Pitanga na novela Paraiso Tropical. “Me larga, não enche... Quadrada! Demente! A melodia do meu samba põe você no lugar... Perua! Piranha! Minha energia é que Mantém você suspensa... Vagaba! Vampira! ... À-toa! Vadia!..”.

Dá pra imaginá-la cantada por um grupo de pagode baiano? Seria arte? Ou não? Bom, Caetano é Caetano. Letras elaboradas, uma vasta obra respeitada até por quem discorda dele e contribuições para o desenvolvimento da cultura brasileira. Mas, a polêmica se deu em torno de letras ofensivas à mulher.

Retomando Denys Cuche, em suas reflexões ele diz que "a identidade se constrói e se reconstrói de forma constante no interior de trocas sociais”. Vivemos numa sociedade singular, multicultural e capaz de sincretizar elementos culturais distintos.

Uma sociedade desigual produz manifestações culturais de acordo com regiões, cidades e classes sociais. Assim, para Cuche, “o indivíduo que faz parte de mais de uma cultura, constrói sua própria identidade, fabricando uma síntese inédita a partir desse novo olhar”.

Parece que nosso desafio é construir uma sociedade que garanta, às pessoas, acesso a questões básicas como emprego, saúde e educação. Certamente, ela produzirá valores e culturas onde seja possível se divertir sem precisar ir até o chão. Onde só se queira quebrar preconceitos, especialmente contra as mulheres.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Toda moça tem dengo. Todo dengo tem dom de mulher

Na Bahia, o pagode. No Rio de Janeiro, o funk. Dois estilos de música, algo em comum: letras que apelam para a sexualidade e colocam a mulher em situações humilhantes. A polêmica sobre o tema esquentou, inclusive em rede nacional. Um projeto da deputada estadual Luiza Maia (PT) quer impedir o governo de contratar artistas cujas canções afrontam a dignidade das mulheres.

A confusão foi instalada em torno da ideia de que o projeto quer proibir essas músicas. Muitos cantores do gênero já se posicionaram contra, argumentando que as mulheres se divertem com o que seria uma “brincadeira ingênua” e não se ofendem.

O tema é instigante e cabe um pouquinho de dendê nessa panela. Primeiro, o projeto não quer proibir as pessoas de comporem músicas, mas quer que o dinheiro público seja utilizado para promover políticas públicas e cultura que combatam o preconceito e respeitem as mulheres.

Dá pra aproveitar a polêmica e refletir sobre cultura e sociedade. Em termos gerais, cultura é tudo o que homens e mulheres produzem socialmente dentro de um momento histórico: conhecimento, crenças, arte (música), moral, lei, costumes, etc.

Nessa linha, é o elemento central da formação da identidade e da alma de um povo. Assim, a cultura reproduz e, ao mesmo tempo, reflete a sociedade de onde brota.

Ah! Tostines

Quem lembra se tostines era fresquinho porque vendia mais ou vendia mais porque era fresquinho? Então, a sociedade teria o papel de produzir boa cultura ou a cultura teria o papel de produzir uma sociedade melhor?

Um cara chamado Denys Cuche, antropólogo e sociólogo francês, afirma que “a identidade cultural é um componente da identidade social, que se articula com a classe sexual do individuo, sua classe de idade, sua classe social. Enfim, seu sistema social”. Para ele, “o individuo é levado a interiorizar os modelos culturais que lhe são impostos, até o ponto de se identificar com seu grupo de origem”.

Acho legal essa tese, mas longe de esgotar a discussão. Voltando ao tostines, vamo combinar: sociedade e cultura se entrelaçam e se potencializam na construção de coisas boas. Como a polêmica foi gerada pelo pagode baiano, entre “...me dá a patinha...me dá sua cachorrinha” e outra música, fico com “Dengo de Mulher”. Sabe quem cantou? É o Tchan. O vídeo foi proposital (elas são argentinas).


Escolha uma estrada e não olhe pra trás

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Metendo o bedelho aonde é chamado


Pessoal, no mês de julho participei, em Salvador, do Seminário Marco Regulatório e Políticas Locais de Comunicação na Bahia, organizado pela Frente Baiana pelo Direito à Comunicação, com apoio da Secretaria Estadual de Comunicação do Estado da Bahia.

A Bahia sai na frente no trato desse tema tão essencial na sociedade moderna. Foi o primeiro estado a realizar a conferência estadual, preparatória para a conferência nacional realizada em 2009, e deverá ser pioneiro na instalação do Conselho Estadual de Comunicação, previsto para esse ano.

Isso tem um significado importante. Através do Conselho, nós, simples mortais, somos, enfim, chamados a meter o bedelho em algo que era um tabu (e ainda é): Os meios de comunicação. A sociedade participará da formulação das políticas de comunicação do governo estadual, discutindo a qualidade da comunicação que os veículos/empresas estão oferecendo aos nossos filhos e às nossas famílias.

Um direito humano

Isso reforça a ideia de que comunicação é também um direito humano, defendida pelo portal Vermelho e abraçada por outras organizações que lutam pela democratização dos meios de comunicação.

A Constituição Federal de 1988 define a comunicação como um direito social e estabelece a criação dos conselhos com participação da sociedade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (1948), no seu Artigo 19, expressa o direito à informação ao declarar que “todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras”.

Assim, direitos humanos e comunicação se entrelaçam. Os primeiros trabalham a comunicação como elemento de suas lutas e manifestações. O segundo abrange o conjunto dos direitos humanos no processo de transformação social.

Além de democratizar os grandes meios, é essencial fortalecer as rádios comunitárias, os telecentros e a banda larga universal. A sociedade precisa ver o direito à comunicação como tão importante quanto saúde, moradia e educação.