segunda-feira, 11 de março de 2013

O que faz um mito?



Num determinado momento do filme Spartacus (um escravo em Roma), quando os escravos são dominados pelo exército romano, um soldado pergunta: Quem é Spartacus? A câmera fecha em Kirk Douglas (o herói), que já se preparava para se delatar e ouve alguém dizer: Eu sou Spartacus. Quando o soldado vai em direção a ele, outro homem diz: Eu sou Spartacus. Em seguida, outros também repetem a mesma frase. Para então, todos os escravos gritarem em uma única voz: Eu sou Spartacus!

Na cobertura da morte do presidente Hugo Chávez, impressionou ouvir várias pessoas, entre homens e mulheres, dizerem em comoção que eles eram Chávez e que ele era o povo. Eu não sei se pessoas naquela multidão assistiram Spartacus. 

Também vi milhares de jovens percorrerem as ruas de Santos, muitos de skate, acompanhando o ídolo Chorão, do Charlie Brown Jr, falando do que ele representou.

Isso instigou a, talvez em vão, tentar responder a pergunta o que faz um mito? Tai uma indagação tão misteriosa quanto a que a humanidade se faz sobre a sua própria origem: viemos da grande explosão (Big Bang)? De um ser superior? Da evolução das espécies?

Mas, um pai ou uma mãe, que faz tudo para ver a felicidade dos seus rebentos, também se torna mito para seus filhos. Um professor ou uma professora que dá um toque especial na formação escolar e acadêmica de muitos estudantes, também se torna mito para muitos alunos.

Com explicar a comoção e o carinho dos venezuelanos ao um presidente que conduziu em 14 anos, mudanças importantes para vida de um povo que foi privado de coisas básicas por séculos?
 
Seguramente, a própria história da Venezuela. Segundo o jornalista Leandro Forte, uma nação rica em petróleo, mas que era distribuído apenas para 1% da população. Foi a partir de Chávez que 5 milhões pessoas saíram da pobreza absoluta; mercados subsidiados de alimentos foram criados.

Em três anos foram alfabetizadas cerca de um milhão de pessoas. Em convênio com Cuba, o povo venezuelano se beneficia com 14 mil médicos cubanos. Os programas sociais oferecem condições mais favoráveis na saúde, previdência, habitação, cultura, saneamento e educação. E o mais importante: o surgiu uma nova consciência política entre os pobres.

Spartacus, um pai/uma mãe, um professor/uma professora, mas também figuras como Gandhi, Irmã Dulce, os grandes descobridores. Eles possuem algo em comum: passaram pela vida das pessoas deixando marcas importantes em suas vidas e se toraram mitos dos seus filhos, dos seus alunos, do seu povo.

Claro que é importante construirmos uma sociedade que não precise de mitos para se desenvolver. Mas, mesmo se chegarmos lá, enquanto seres humanos tiverem suas vidas marcadas por pessoas especiais e diferenciadas, veremos muitos mitos. Parece que o que faz um mito é o que ele representa na vida das pessoas.

Ah! Um mito é sempre amado por uns e odiado por outros. Que o diga Hugo Chávez.

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