Num determinado momento do filme
Spartacus (um escravo em Roma), quando os escravos são dominados pelo exército
romano, um soldado pergunta: Quem é Spartacus? A câmera fecha em Kirk Douglas
(o herói), que já se preparava para se delatar e ouve alguém dizer: Eu sou
Spartacus. Quando o soldado vai em direção a ele, outro homem diz: Eu sou
Spartacus. Em seguida, outros também repetem a mesma frase. Para então, todos os
escravos gritarem em uma única voz: Eu sou Spartacus!
Na cobertura da morte do
presidente Hugo Chávez, impressionou ouvir várias pessoas, entre homens e
mulheres, dizerem em comoção que eles eram Chávez e que ele era o povo. Eu não
sei se pessoas naquela multidão assistiram Spartacus.
Também vi milhares de jovens
percorrerem as ruas de Santos, muitos de skate, acompanhando o ídolo Chorão, do
Charlie Brown Jr, falando do que ele representou.
Isso instigou a, talvez em vão,
tentar responder a pergunta o que faz um mito? Tai uma indagação tão misteriosa
quanto a que a humanidade se faz sobre a sua própria origem: viemos da grande
explosão (Big Bang)? De um ser superior? Da evolução das espécies?
Mas, um pai ou uma mãe, que faz tudo para ver a felicidade dos seus rebentos, também se torna mito para seus filhos. Um professor ou uma professora que dá um toque especial na formação escolar e acadêmica de muitos estudantes, também se torna mito para muitos alunos.
Com explicar a comoção e o
carinho dos venezuelanos ao um presidente que conduziu em 14 anos,
mudanças importantes para vida de um povo que foi privado de coisas básicas por
séculos?
Seguramente, a própria história da Venezuela. Segundo o jornalista Leandro
Forte, uma nação rica em petróleo, mas que era distribuído apenas
para 1% da população. Foi a partir de Chávez que 5 milhões pessoas saíram da
pobreza absoluta; mercados subsidiados de alimentos foram criados.
Em três anos foram alfabetizadas
cerca de um milhão de pessoas. Em convênio com Cuba, o povo venezuelano se
beneficia com 14 mil médicos cubanos. Os programas sociais oferecem
condições mais favoráveis na saúde, previdência, habitação, cultura, saneamento
e educação. E o mais importante: o surgiu uma nova consciência política entre
os pobres.
Spartacus, um pai/uma mãe, um
professor/uma professora, mas também figuras como Gandhi, Irmã Dulce, os
grandes descobridores. Eles possuem algo em comum: passaram pela vida das
pessoas deixando marcas importantes em suas vidas e se toraram mitos dos seus
filhos, dos seus alunos, do seu povo.
Claro que é importante
construirmos uma sociedade que não precise de mitos para se desenvolver. Mas,
mesmo se chegarmos lá, enquanto seres humanos tiverem suas vidas marcadas por pessoas
especiais e diferenciadas, veremos muitos mitos. Parece que o que faz um mito é
o que ele representa na vida das pessoas.
Ah! Um mito é sempre
amado por uns e odiado por outros. Que o diga Hugo Chávez.
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