quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Cochicho dos Excluídos. Intrigante!



Fui com minha sobrinha/afilhada/filha em exercício Palominha assistir as comemorações do 7 de Setembro. Uma data importante e polêmica quanto ao feito de D. Pedro I, até porque nos impuseram o esquecimento de lutas que impulsionaram a nossa independência, como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, por exemplo.

Como sempre, a população marcou presença em massa. Muita gente que, separada por cordas, observava os desfiles militares e de várias escolas da Bahia. Mas duas coisas me intrigaram: pouca gente no Grito dos Excluídos e pouca presença de militantes de esquerda e dos movimentos sociais.

O Grito surgiu em 1995. Organizado pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi engrossado por entidades dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda. Surgiu como contraponto ao “Grito do Ipiranga” para denunciar a exclusão econômica e social no então governo FHC.

O ato sempre contou com boa presença de pessoas ligadas à Igreja, aos movimentos sociais e aos partidos de oposição. Cheguei perto do Trio, não vi bandeiras nem quem sempre esteve lá. Busquei algumas possíveis explicações.

Nova realidade. Novas abordagens

O Brasil da Era Lula (2003-2008) observou 56 milhões de pessoas ascenderem socialmente.  De acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar), o percentual da população pobre caiu de 42,7% para 28,8% (saiu de 77,8 milhões para 53,7 milhões de pessoas). Segundo a Fundação Getúlio Vargas, cresceu a Classe C, hoje maioria da população. Passou de 43% para 53,6%. As classes A e B também evoluíram. Pularam de 10,7% da população para 15,6%.

Mais gente incluída, estaria explicado um Grito dos Excluídos mais parecido um cochicho, apesar da potência do som. E a pouca militância? Será que essas mudanças apontam a tão sonhada sociedade mais justa?

Ledo engano. Agora é que precisa de mais mobilização e capacidade de interlocução com governos forjados nas lutas populares para avançar nas mudanças iniciadas no Brasil e na Bahia. É fundamental mais participação política da população e dos movimentos para impulsionar novos avanços. Criar uma nova cultura na relação sociedade-poder público. Afinal, o modelo econômico ainda gera exclusão e concentração de renda, que alimenta a desigualdade.

São novos problemas que surgem e exigem novas abordagens, novas bandeiras e novas formas de luta. Esse é o desafio para quem sabe que ainda falta muito para termos uma vida melhor.

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