segunda-feira, 12 de março de 2012

“O povo brinca. Mas, com o povo não se brinca”

                               
Minha amiga Patrícia Ramos me enviou um e-mail e achei importante postar a história no Axé e divulgar no Facebook. Trata-se de dos números econômicos do Carnaval de Salvador, publicados na revista da Metrópole. Eu adoro essa festa maravilhosa. Depois de muito tempo curtindo nas ruas, hoje gosto de ficar em camarote.

Agora, não podemos ver determinadas coisas e não fazer nada. Não dá para saber que, enquanto milhares se espremem na hora de os blocos passarem, o Camaleão fatura, com a venda de abadá, R$ 6,65 milhões, o Me Abraça, R$ 5,4 milhões e o Corujas, R$ 4,94 milhões. Tudo isso em apenas três dias, fora os patrocínios.

Já os camarotes - muitos deles ligados aos nossos grandes artistas -, se deram de bem. O do Reino faturou R$ 7,2 milhões e o Nana Banana, R$ 6,2 milhões. E, pasmem! O Camarote Salvador não desocupou e abocanhou R$ 14,4 milhões. Fora os patrocínios.

A questão não é ter várias opções que consideramos mais confortáveis para brincar o Carnaval, mas a relação absurda entre o público e o privado. É inaceitável que se ganhe fortunas com diversão e ainda se divirta com o dinheiro público. Esses empreendimentos privados pagam R$ 10,58 de taxa inicial e mais R$ 42,34 por metro quadrado para montar um camarote.

Nem de longe cobrem os custos da festa. Entretanto, governo e prefeitura investiram mais de R$ 60 milhões do dinheiro público, para garantir polícia na rua, serviços de saúde e limpeza, além de montar e desmontar toda infraestrutura.

Enquanto isso, o hospital Martagão Gesteira declarou que, há meses, a Prefeitura de Salvador não lhe pagava uma dívida de R$ 2 milhões. O hospital corre o risco de fechar e cerca de 700 crianças ficarão sem tratamento.

“O povo brinca. Mas com o povo não se brinca”. Esse foi o tema de um dos carnavais de um bloco chamado Panela Vazia, criado pelo PCdoB nos anos 80.

Nada mais atual. Valeu, Paty!

Nenhum comentário:

Postar um comentário