quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

‘Guerreiro’ e ‘Dô’.Magias do Picolino e do Bando Olodum

Admiração. Fascínio. Leveza. Foi o que consegui encontrar no mundo das palavras para expressar o que senti ao assistir os espetáculos ‘Guerreiro’ e ‘Dô’, belíssimas realizações baianas da Cia. do Circo Picolino e do Bando de Teatro Olodum.

Guerreiro Glauber



Eu só conhecia o Picolino de vista, ao passar pela orla de Salvador, e pela história de resistência para produzir arte e cidadania. Ao homenagear o talento e a história do nosso cineasta baiano Glauber Rocha, “Guerreiro” nos brindou com a convergência das artes, em pleno momento de convergência das mídias.
 
Em muitos momentos, não sabia se prestava atenção ao vídeo, que passava cenas de filmes de Glauber; se ao palco disfarçado de picadeiro, onde performances teatrais e circenses de malabares reforçavam as cenas no vídeo; se à música regional tocada pela banda que acompanha o espetáculo ou a voz maravilhosa da cantora, que me transportou por um momento para uma ópera; se às acrobacias realizadas nas fitas, nos trapézios ou no palco.

O mais incrível foi ver adultos e crianças embevecidos com efeitos de imagem, luz e som, como uma reverência a estética que Glauber Rocha imprimia em suas obras. Toda essa magia foi pensada e criada pelo ‘guerreiro’ Anselmo Serrat.

 
Bando Olodum se orienta


Quem já conhecia os trabalhos do Bando de Teatro Olodum, ou ficou em perplexidade, sem saber o que era aquilo, ou em arrebatamento pela admiração em ver ‘Dô’ e o quanto o Bando enriqueceu a sua linguagem com o toque oriental do coreógrafo japonês Tadashi Endo. Na língua nipon, ‘Dô’ significa“movimento” e é baseada no Butô, um estilo de dança-teatro japonês.

Choque cultural? Que nada. A mistura da tranquilidade oriental com a força explosiva da baianidade do Bando só poderia resultar em algo esplendoroso. E, mais uma vez, mesclaram-se artes como o vídeo, dança e teatro para nosso deleite.

A beleza estética de ‘Dô’ moldura e dá forma ao tema tratado: a transformação da história individual e da identidade pessoal, em movimento e sinergia permanentes.

Seguramente, com ‘Dô’, o Bando de Teatro Olodum experimentou a reinvenção da sua própria linguagem, sem descaracterizá-la, mas incorporando a ela novos elementos. Ganhou o Bando. Ganharemos nós, com espetáculos ainda mais encantadores.

Segundo Tadashi Endo, Dô no ideograma japonês tem dois lados que unem peso, poder e energia, simbolizando energia pesada. O incrível foi ver toda dramaticidade expressa pelos personagens sendo suavizada pela leveza dos movimentos.
 

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