segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O olhar apaixonado, no instante decisivo


Ver a vida sob outra perspectiva, onde a sensibilidade de uma imagem é celebrada com a sensibilidade da poesia de Carlos Drummond de Andrade e ilustrada por uma narração marcante.

Ver que as imagens podem revelar coisas proibidas de uma ditadura. Que na censura às palavras, elas falaram pelos textos. Ver que num período “duro”, a leveza da retina capturou duas pequenas libélulas pousadas nas baionetas de dois soldados.

Ver que, além do olhar sensível e apaixonado, a ousadia foi uma marca. Que para celebrar 100 anos de Canudos, peregrinou-se o sertão baiano para fotografar idosos com mais de 100 anos de idade, garantindo histórias e imagens fascinantes.

Ver imagens “brasilis” ganhando o mundo, “revelando o olhar brasileiro e muita paixão”, dito por suas filhas. Ver “o Brasil esquecido, um pedaço da nossa história”, dito por outro gênio: Sebastião Salgado.

Ver um jeito especial de interpretar a vida, as pessoas, situações cotidianas. Ver que o maior legado de uma lente fotográfica é enriquecer a visão humana e tornar o tempo perene no papel.

Eu vi. Vi no documentário Evandro Teixeira – Instantâneos da Realidade, de Paulo Fontenelle, durante uma das aulas de fotojornalismo. Eu vi o talento e o olhar diferenciado das lentes mágicas desse baiano cosmopolita de Irajuba.

Eu vi ele ensinar a quem quer capturar a vida através de uma máquina fotográfica que a melhor foto é o que sobra. Que é preciso o olhar apaixonado, no instante decisivo.

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