sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A mulher, a esfinge e nossos enigmas



Dois momentos interessantes na faculdade. Primeiro, o professor Marcílio nos brindou com um incrível texto seu, onde citou o enigma da esfinge. Depois, eu e colegas da faculdade conversamos descontraidamente sobre os dilemas vividos por homens e mulheres na relação a dois. Isso é que é discutir relação coletivamente. 

Ai, me veio a continuidade daquela história sobre o machismo que também cansa. A gente pode perceber que a mesma sociedade que exige determinados comportamentos masculinos também moldou valores femininos. 

Há algum tempo, o pai da psicanálise,Freud, fez a mais famosa indagação sobre a mulher. Afirmou que, depois de ter estudado a mente humana, não conseguia responder: "Afinal o que querem as mulheres?” 

Geralmente, homens e mulheres refletem, em suas atitudes, os valores da sociedade onde vivem. A mulherada foi à luta, ingressou no mercado de trabalho, passou a ter maior escolaridade, conquistou espaços importantes na sociedade.

Fizeram isso incorporando valores ditos “masculinos”. De femininas, doces, frágeis, delicadas e sensíveis, tiveram que mostrar altivez, falar firme e ter uma postura de forte. Tudo para se afirmar e não deixar dúvidas de sua capacidade e competência nos espaços ditos “masculinos”. 

Mundo gira, gente muda

E agora? Homens e mulheres criam expectativas em relação às atitudes e comportamentos do sexo oposto. Segundo o psiquiatra Luiz Cuschnir, bem lá atrás, o forte, ágil e viril era o “cara”. Tinha que alimentar e defender sua tribo. É, o cara das cavernas era sedutor, sim. Tempos depois (Idade Média) foi a vez do cavalheiro, honrado e valente (o tal príncipe encantado).

Com as descobertas científicas, o inteligente, curioso e inconformado mexia com a libido e a alma feminina. Mais recentemente, perfis como o metrossexual (o cara preocupado com a aparência), o sensível e o compreensivo provocaram a imaginação feminina. 

Mesmo com tantas mudanças, a cultura machista ainda se reforça em muitos aspectos. Inclusive por algumas atitudes femininas. Quer ver? A mulher forte, decidida e firme também se fragiliza e não abre mão de se sentir protegida por alguém forte. O cara aparentemente frágil se ferrou. Dois corpos (fragilizados) não ocupam o mesmo lugar na terra ao mesmo tempo.

Acontece que o forte aqui traz consigo todo o colesterol ruim do machismo, que oprime, desqualifica e desvaloriza a mulher. E também cansa.

A esfinge que nos perdoe, mas esse enigma é nosso, de homens e mulheres (licença, Marcílio). Afinal, queremos alguém parecido com a gente, correndo o risco de ter uma relação tipo cortadinho de chuchu? Queremos alguém diferente, correndo o risco de nos enriquecer e nos completar, mas de viver uma relação conflituosa? 

Cuidado! Podemos ser devorados, devoradas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário