Na Bahia, o pagode. No Rio de Janeiro, o funk. Dois estilos de música, algo em comum: letras que apelam para a sexualidade e colocam a mulher em situações humilhantes. A polêmica sobre o tema esquentou, inclusive em rede nacional. Um projeto da deputada estadual Luiza Maia (PT) quer impedir o governo de contratar artistas cujas canções afrontam a dignidade das mulheres.
A confusão foi instalada em torno da ideia de que o projeto quer proibir essas músicas. Muitos cantores do gênero já se posicionaram contra, argumentando que as mulheres se divertem com o que seria uma “brincadeira ingênua” e não se ofendem.
O tema é instigante e cabe um pouquinho de dendê nessa panela. Primeiro, o projeto não quer proibir as pessoas de comporem músicas, mas quer que o dinheiro público seja utilizado para promover políticas públicas e cultura que combatam o preconceito e respeitem as mulheres.
Dá pra aproveitar a polêmica e refletir sobre cultura e sociedade. Em termos gerais, cultura é tudo o que homens e mulheres produzem socialmente dentro de um momento histórico: conhecimento, crenças, arte (música), moral, lei, costumes, etc.
Nessa linha, é o elemento central da formação da identidade e da alma de um povo. Assim, a cultura reproduz e, ao mesmo tempo, reflete a sociedade de onde brota.
Ah! Tostines
Quem lembra se tostines era fresquinho porque vendia mais ou vendia mais porque era fresquinho? Então, a sociedade teria o papel de produzir boa cultura ou a cultura teria o papel de produzir uma sociedade melhor?
Um cara chamado Denys Cuche, antropólogo e sociólogo francês, afirma que “a identidade cultural é um componente da identidade social, que se articula com a classe sexual do individuo, sua classe de idade, sua classe social. Enfim, seu sistema social”. Para ele, “o individuo é levado a interiorizar os modelos culturais que lhe são impostos, até o ponto de se identificar com seu grupo de origem”.
Acho legal essa tese, mas longe de esgotar a discussão. Voltando ao tostines, vamo combinar: sociedade e cultura se entrelaçam e se potencializam na construção de coisas boas. Como a polêmica foi gerada pelo pagode baiano, entre “...me dá a patinha...me dá sua cachorrinha” e outra música, fico com “Dengo de Mulher”. Sabe quem cantou? É o Tchan. O vídeo foi proposital (elas são argentinas).
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